Teatro Sérgio Cardoso terá reforma e reocupação
Ao assumir a direção artística da Associação Paulista dos Amigos da Arte (Apaa), responsável pelo teatro Sérgio Cardoso, Mário Mazetti perguntou ao ator Marcos Breda o que deveria fazer para recuperar o espaço que, um dia, integrou a chamada Broadway tupiniquim.
"Construa um shopping", provocou o ator, cansado de ver os teatros encastelados em shoppings e centros empresariais. Era tudo o que Mazetti precisava ouvir.O contraexemplo deu o empurrão para que o desejo que martelava na cabeça de Mazetti se tornasse um projeto.
"Temos que trazer as pessoas de teatro de volta para cá e queremos nos reaproximar do bairro", diz Mazetti, ele próprio mais dedicado à TV e ao cinema do que ao teatro nos últimos anos. "Este teatro definhou. Ele acompanhou um pouco a decadência do bairro.
É mais ou menos o que aconteceu com os cinemas de rua", diz, de costas para uma das janelas do prédio da rua Rui Barbosa."O que eu tinha de boa lembrança daqui era a efervescência. Mas o espaço foi sendo desocupado, parece que tinham até um certo medo de que os atores ocupassem o teatro", brinca, sentado à mesa de reuniões da sala com cara de repartição pública.
A desocupação à qual se refere não diz respeito à agenda do teatro, sempre tomada por companhias que usam o palco para grandes peças, musicais ou espetáculos de dança. Mas ao tipo de ocupação."O teatro passou, simplesmente, a ceder espaço para companhias, por um custo que tornava inviável a presença de grupos menores", diz Mazetti.
"Como poder público, devemos devolvê-lo para a classe teatral." Quem não puder bancar o aluguel, explica, poderá negociar os custos ou até mesmo oferecer contrapartidas -fazendo, por exemplo, oficinas.Hoje, as 15 de salas de ensaio são utilizadas como depósito ou estão, simplesmente, fechadas.
A Apaa --Organização Social que recebe recursos do governo estadual para manter o teatro-- quer vê-las de novo ocupadas.Entre os planos, está a transformação do teatro numa espécie de centro cultural, com café, espaço para leitura e exposições.
As duas primeiras terão como tema o ator Sérgio Cardoso (1925-1972) e o diretor e dramaturgo Paschoal Carlos Magno (1906-1980), que dão nome às duas salas do teatro, de 856 e 144 lugares.Está em curso também a licitação para reforma da fachada e do hall de entrada. "Você entrou pela frente?
Correu risco de levar um tijolinho na cabeça", disse, rindo, Mazetti.Ópera do BexigaPara marcar a nova fase do teatro, inaugurado pelo governo em 1980, depois de um vaivém de confusões, a Apaa montará a "Ópera do Bexiga", musical "cômico e brasileiro".
Para a composição da equipe, serão realizadas oficinas de formação de técnicos -de contrarregras a maquiadores. "Um dos erros que o mundo teatral tem cometido é jogar apenas atores no mercado, sem formar técnicos." A montagem, que reunirá histórias do bairro, canções e humor, terá em cena 40 atores, bailarinos e uma dupla de cômicos.
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