sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Santa Joana dos Matadouros, de Brecht, no Denoy (São Paulo, SP)
“Santa Joana dos Matadouros” de Brecht - direção de José Renato
José Renato, um dos mais importantes diretores em atividade no país, traz de volta ao palco do Teatro Denoy de Oliveira a peça “Santa Joana dos Matadouros”, que retrata a grande depressão do início do século 20, mas que em tudo lembra a crise econômica desta primeira década do século 21. A reestreia de uma das mais instigantes obras de Bertolt Brecht será no dia 29 de outubro, sexta-feira.
O fundador do Teatro de Arena dirige a peça a convite do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas - CPC-UMES. A encenação teve grande sucesso de público e crítica na primeira temporada, nos meses de junho e julho deste ano.
Com um elenco de 17 atores e atrizes, além de três músicos, a peça trata das tensões entre capitalistas e das agruras vividas pelos trabalhadores de Chicago durante o inverno e no auge da crise econômica de 1929.
A professora de teoria literária, Iná Camargo Costa, pesquisadora da obra de Brecht, à saída de uma das encenações destacou: “Dá gosto de ver!” “É a primeira encenação desde que se instaurou a crise e isso mostra uma capacidade de apreensão da realidade que é impressionante”, prosseguiu a professora Iná, para quem “a peça mantém sua atualidade diante das necessidades de saída justa para a crise que enfrentamos nos dias de hoje”.
O autor coloca em cena os mecanismos que levam à degradação da economia: superprodução, falta de mercado para escoá-la com os principais empresários tentando compensar a queda nos lucros através da especulação e do aumento da exploração, o que, por sua vez, leva à exacerbação das tensões com mais quebradeira, mais fome e produz seu oposto; os movimentos operários contra as duras condições impostas aos trabalhadores.
Ao receber informações de “seus amigos de Nova Iorque”, sobre a iminência de um baque nos preços e vendas, Jack Pierpoint (Alexandre Krug), o rei da carne de Chicago, busca jogar o prejuízo nas costas de seu desavisado sócio Ambrósio (João Ribeiro).
Vem o fechamento de fábricas e o desemprego em massa. Tentando salvar a alma dos demitidos, aparece Joana (Érika Coracini), jovem pregadora dos Chapéus Negros. O encontro da inocência útil de Joana e da consciência ao mesmo tempo pesada e esperta de Pierpoint condensa as contradições sociais em meio a uma ciranda de especulação e desemprego.
Essa obra, pelas elucidações que é capaz de propor com precisão poética e dramática, demonstra plena atualidade diante de uma crise cuja profundidade se observa em seu pleno andamento. A realidade, já não nos deixa mais acreditar que “a desgraça vem como a chuva”, como a bispa Bárbara empenha-se em dizer aos operários, mas ao contrário, como ressalta Brecht, autor da instigante obra teatral: “Só poderemos descrever o mundo atual para o homem atual na medida em que descrevermos um mundo passível de modificação”.
Teatro Denoy de Oliveira
R. Rui Barbosa, 323 - Bela Vista - São Paulo-SP
Telefone: 3289-7475.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (estudantes, terceira idade, classe artística e professores da rede estadual com carteira da APEOESP, associados do Sindpd e Sindicato dos Bancários).
Quando
Mais informação
sexta e sábado: 21h.
domingo: 20h.
Até 12/12.
Tem ar condicionado
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