Mário Prata
De volta aos anos dourados
Texto de Mário Prata, com direção de Bomtempo, atravessa duas décadas
BESAME MUCHO
Encenado pela última vez há quase 25 anos, o espetáculo “Besame Mucho”, de Mário Prata, retorna à cena a partir do dia 15 de março, no Teatro Leblon – Sala Marília Pêra, após uma temporada de sucesso no Espaço Sesc Copacabana. A produção marca o desfecho do ciclo de comemorações dos 25 anos de carreira de Roberto Bomtempo, responsável pela direção, após a indicação ao Prêmio Shell 2010 de Melhor Ator pela montagem “Tomo suas mãos nas minhas”.
A comédia romântica, escrita em 1982, contextualiza o comportamento social de quatro amigos - Xico, Olga, Tuca e Dina - de uma cidade do interior paulista, num período marcado não só pela revolução de 64, pelo AI-5 e pelas lutas políticas de 1968, mas principalmente pelas relações humanas vivenciadas em meio à repressão sexual, os bailes de debutantes, colégio de freiras, machismo e feminismo, namoros nas noites interioranas de domingo e tudo o que foi importante na história desses amigos. Através de projeções de vídeo, retratamos esses 20 anos (1982 a 1962) que o texto percorre, numa importante época para o país e o mundo, tanto política quanto culturalmente.
Reviver o texto, após quase 25 anos desde sua última montagem profissional, retrata através do irresistível e arrebatador senso de humor de Mário Prata, um pouco do caráter que nos forma hoje, após os anos de repressão política, social, religiosa e sexual, vividas depois dos Anos Dourados. Lançar diversos olhares sobre nossa trajetória, ao longo de um passado recente, é atitude necessária e fundamental para entendermos o que somos.
A dramaturgia sempre teve um caráter formador da maturidade de uma sociedade e da consciência cidadã de seu povo. No Brasil dos anos 60 a 80, época da censura federal e da ditadura militar, Mário Prata, entre outros tantos, representou a voz de uma crítica, sutil e inteligente, contra a repressão comportamental e ideológica imposta por uma sociedade hipócrita.
BESAME MUCHO revive, para a realidade atual brasileira, a consciência das dificuldades sofridas por uma geração que cresceu sob a síndrome da culpa, gerada não apenas pela repressão política/social, mas também por tantas outras, que criaram conflitos entre a igreja, o sexo e o amor, pecados que podem ter sobrevivido em nosso inconsciente coletivo até hoje.
A proposta do espetáculo não é apenas retratar os destinos deste ou daquele personagem, mas, principalmente, trazer reflexões sobre uma época e suas conseqüências no momento em que vivemos agora.
SINOPSE
A peça conta a história de quatro amigos - Xico, Olga, Tuca e Dina. Começa em 1982, e termina em um baile de formatura em 1962. A trama é narrada de trás para frente, percorrendo vinte anos de suas vidas Primeiro vem o efeito e, depois, vão se descobrindo as causas. A maneira como a história é contada, proporciona ao espectador não somente relembrar fatos de uma época tão importante, mas também cria uma identificação com aquilo que está sendo dito. Tornando o espetáculo leve e muito divertido.
Xico (Leandro Baumgratz) veio do interior para São Paulo e se torna escritor de sucesso. Casa com Olga (Janaina Moura), que também veio do interior, exilou-se em Paris em 1968 e criou reputação como socióloga. Tuca (Rafael Sardão) permanece no interior e casa com Dina (Ana Paula Sant´Anna). O primeiro casal vive um drama de criatividade. Ele é o escritor, mas ela, socióloga, é quem escreve para ele. Tuca permaneceu no interior como homem de negócios realizado e se casou com Dina, que escolheu ser esposa e mãe. Dina, em virtude da repressão sexual exercida pelas freiras e uma forte síndrome de culpa, não consegue se sentir plena no casamento, atrapalhando a relação do casal que chega até a pensar em separação. Em um determinado momento, Dina fantasiando, se veste de Marilyn Monroe, e, daí para frente, o casal passa a fantasiar cada vez mais, transformando esse “jogo” numa verdadeira obsessão.
Esse retorno mágico e realista no tempo descreve a amizade entre dois homens — nascidos na mesma cidade do interior — que viveram a alegria dos anos 60, o desencanto dos anos 70 e a queda na real dos anos 80.
Mário Prata define o texto como: “Uma história de amor entre quatro pessoas, sem as quatro paredes. O jogo é aberto”.
EQUIPE DE CRIAÇÃO
Texto: Mário Prata
Direção: Roberto Bomtempo
Assistente de Direção: Elder Gatelly
Elenco: Ana Paula Sant´Anna, Janaina Moura, Leandro Baumgratz e Rafael Sardão
Preparação Corporal: Fernanda Guimarães
Iluminação: Renato Machado
Figurinos e Visagismo: Joana Seibel
Desenho Cenográfico e Trilha Sonora: Roberto Bomtempo
Direção de Arte: Alexandre Lino
Programação Visual: Luiz Avellar
Edição de vídeos: Édipo Ferraz
Operação de som: Elder Gatelly
Contra-regra: Gabriel Helleno
Direção de Produção e Assessoria de Imprensa: Ana Paula Sant´Anna
Produção Executiva: Roseane Milani
Administração: Leandro Baumgratz
Idealização: Ana Paula Sant´Anna, Fernanda Guimarães e Leandro Baumgratz
Realização: Movimento Carioca Produções Artísticas
Co-Produção: Escambaum Prods Arts e Gam Produções
SOBRE O AUTOR - MÁRIO PRATA
Mário Prata é escritor, jornalista e dramaturgo. Autor de 11 peças teatrais; escreveu 21 livros para o público adulto e 10 infanto-juvenis; para televisão escreveu 21 obras, entre novelas e especiais; 6 roteiros para cinema, além de outras obras de vídeo-ficção e jornalismo. Através desse vasto trabalho, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais.
Escreveu Besame Mucho em 1982, depois de viver em uma época onde todas as peças falavam da vida sob o prisma político. Todo mundo - inclusive Mário - já havia escrito sobre essa
geração. E não foi só de repressão política/social que eles cresceram. Tinha as outras repressões. Era hora de tocar nelas. A Igreja, o Sexo, o Amor. Foi uma geração que cresceu sob a síndrome
da culpa. Durante os anos 70, toda essa geração continuou escrevendo o que mais tarde seria chamado de "teatro de resistência". Todo mundo tinha vergonha de escrever uma boa comédia. Mas veio a abertura no final dos 70 e a pergunta: Sobre o que escrever? Foi mais ou menos a partir dessa pergunta que foi surgindo a peça. O Grupo Mambembe encomendou a Mário um texto, e depois de dois meses ele resolveu escrever uma peça de trás pra frente, e como ele mesmo define: "para chegar às minhas raízes".
Em 1987 escreveu o roteiro do longa metragem “Besame Mucho” com Francisco Ramalho Junior, dirigido pelo mesmo. Este filme representou oficialmente o Brasil em vários festivais internacionais.
“Minha geração em teatro sempre teve a preocupação de mostrar o lado político do Brasil na década de 60. Em “Besame Mucho” eu quis mostrar as outras repressões que sofremos, de origem sexual, econômica e religiosa. A peça só resvala pelo aspecto político. Assim como os textos que falam daquele período tristemente rígido, apenas resvalam nos aspectos sexuais e religiosos".
SOBRE O DIRETOR - ROBERTO BOMTEMPO
Roberto Bomtempo é um ator, diretor e produtor que desde o início de sua carreira transita constantemente entre a televisão, o teatro e o cinema, tendo sido premiado diversas vezes em festivais nacionais e internacionais.
Esse ano está completando 25 anos de carreira. As comemorações iniciaram-se com uma ocupação de três meses no Teatro Leblon com três espetáculos em que atua: “Raul fora da Lei – A história de Raul Seixas”, espetáculo que completou esse ano 10 anos de carreira; “Espia uma mulher que se mata”, que após duas temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, foi indicado ao Prêmio Shell 2009; “Tomo suas mãos nas minhas”, que estreou em 2010 e lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell 2010 como melhor ator.
Bomtempo acabou de rodar seu 2º longa metragem - “Mão na Luva”, texto de Oduvaldo Vianna Filho - como diretor ao lado de José Joffily. Para finalizar as comemorações, Bomtempo retorna aos palcos como diretor com o espetáculo “Besame Mucho”.
SERVIÇO – BESAME MUCHO
Sinopse curta: Uma história de amor e amizade entre quatro amigos do interior de São Paulo, que durante duas décadas (de 1962 a 1982) tiveram suas vidas marcadas por todo contexto social, cultural e comportamental da época, e que buscaram realizar seus sonhos, fantasias e ideais.
Texto: Mário Prata
Direção: Roberto Bomtempo
Elenco: Ana Paula Sant´Anna, Janaina Moura, Leandro Baumgratz e Rafael Sardão
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Comédia romântica
Temporada: 15 de março a 20 de abril de 2011 / Terça e Quarta às 21hs
Teatro Leblon – Sala Marília Pêra - Capacidade: 462 lugares
Rua Conde Bernadotte, 26 – Leblon - Tel: 2529-7700 - http://www.teatrodoleblon.com.br/
Horário de funcionamento da bilheteria: De terça a domingo das 15hs às 20hs.
Ingressos: R$ 50,00 inteira; R$ 25,00 estudantes, classe artística e maiores de 60 anos.
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