"O Ruído Branco da Palavra Noite" une cartas e tipos de Tchékhov
LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo
Mestre do realismo, Anton Tchékhov (1860-1904) se debruçou sobre as dores do homem em duas frentes: como médico rural, na Rússia alquebrada pelo regime czarista e seu anacronismo, e como dramaturgo, a diagnosticar a insatisfação escondida sob o véu da falsa harmonia nas famílias.
Na peça "O Ruído Branco da Palavra Noite", em cartaz no Tusp, impressões do cidadão em franco contato com as mazelas de seu país confundem-se com a ficção criada por ele a partir do que testemunhou.
Assim, a dramaturgia ora se deita sobre as cartas trocadas entre ele e sua mulher, a atriz Olga Knipper, o escritor Máximo Górki, o diretor e dramaturgo Nemiróvitch-Dantchenko e o ator e diretor Konstantin Stanislavski (dupla que, à frente do Teatro de Arte de Moscou, conduziram algumas das montagens mais bem-sucedidas de criações de Tchékhov).
A correspondência foi colhida do livro "O Cotidiano de uma Lenda - Cartas do Teatro de Arte de Moscou", de Cristiane Layher Takeda.
Em outros momentos, o texto se vale de excertos de peças tchecovianas, como "As Três Irmãs", "Tio Vânia" e "O Jardim das Cerejeiras", sempre usando falas dos personagens fictícios para espelhar o estado de espírito dos missivistas.
"Quando começamos a ler, percebemos que as cartas remetiam a crises, construções de ideias e maneiras de dizer as coisas que se aproximavam daquelas dos personagens", diz o ator e codiretor, Caetano Gotardo. "O recorte do livro é o processo criativo no Teatro de Arte. Mas as cartas tangenciam a intimidade, a vida cotidiana."
Como quando, ao responder ao relato hesitante de Olga sobre sua composição da Ielena de "Tio Vânia", Tchékhov lhe tece uma declaração de amor em forma de indicações de atuação. Na vida cotidiana ou na ficção, o escritor não acreditava em problemas insolúveis, em danações inevitáveis.
"Há uma imagem errada que ficou colada às peças do Tchékhov, de uma absoluta inação. Existe uma tentativa, um impulso de vida o tempo todo, ainda que isso não raro resulte em frustração", conclui Gotardo.
O RUÍDO BRANCO DA PALAVRA NOITE
Quando: qua. e qui., às 21h;
até 18/2
Onde: Tusp (r. Maria Antônia, 294, Consolação, tel 3255-7182)
Quanto: R$ 20
Classificação: 14 anos
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Chekhov : O Ruído Branco da Palavra Noite (SP)
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Bom dia.
ResponderExcluirSe vocÊ esta em SP, e se interressa pelo trabalho do Tchekhov ou por trabalho experimental. Peça teatral "Fragmentos Tchekhov" Estréia dia 10/04/2010
Maiores informaçoes: www.teatroaugusta.com.br