segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Morre aos 78 anos o cenógrafo Cyro Del Nero (São Paulo, SP)

Cyro Del Nero (1931-2010)

HOMENAGEM A CYRO DEL NERO


Pelo Estúdio Cyro del Nero muitos interessados pela área de indumentária e cenografia já passaram. Seus livros eram disponibilizados para consulta no local e até uma xerox ele comprou para que cada um tirasse suas cópias. Levar o livro emprestado? Jamais!

Cyro não era uma pessoa de fácil temperamento. Isso não é segredo para ninguém. Mas ao mesmo tempo em que distanciava, seu amor pela cenografia e pela Grécia “contaminava”.

Tive o prazer de viajar por dez dias pela Grécia no último mês de maio e o professor Cyro foi um companheiro de viagem maravilhoso - mesmo que ele não tenha ficado sabendo disso. Levei seu livro “Com a Grécia na mochila” e a cada lugar que eu visitava (templo, teatro antigo, ruínas, cidades…), lia suas informações e depoimentos pessoais. Foi uma viagem muito rica em detalhes e a figurinista americana Laura Crow, que estava viajando comigo, ficou fascinada com as informações que eu dava a cada leitura. Afinal, era uma oportunidade única poder ver cada lugar e monumento amparadas pela visão de um especialista na área teatral. Fico imaginando como deve ter sido para as pessoas que foram pessoalmente com ele. Sua última viagem à Grécia, em curso com alunos da Escola São Paulo, foi no mês passado. Não tenho certeza se o problema no coração o fez cancelar a viagem, mas espero que não e que tenha dado tempo dele se despedir fisicamente dos locais má

gicos que visitou anualmente por mais de 50 anos.

Apesar de ter me feito chorar no dia em que nos conhecemos pessoalmente, depois tive a oportunidade de conhecê-lo melhor e tentar entender o seu jeito de ser. Revisei o livro “Vidas Preciosas”, que Cyro ajudou a editar, uma homenagem aos seus avós, Luiz e Bernardina del Nero, pela biografia escrita por Loyde del Nero Daiuto. O avô Luiz foi presbítero da 1ª Igreja Presbiteriana de São Paulo.

Tomo a permissão de transcrever aqui um trecho escrito por Cyro, para que os dizeres citados permaneçam como homenagem a este profissional das artes e homem de família, que teve sete filhos e dez bisnetos (pelo que sei até quatro anos atrás). E que sua mulher, Denise Pollini, pesquisadora da área cenográfica, receba nosso carinho.

“Noventa anos após a chegada dos del Nero ao Brasil e vinte e oito anos após a morte de Luiz del Nero, seu neto Cyro recebeu um telefonema internacional de seu filho Matias, professor de violoncelo na Universidade de Berlim. Matias queria saber qual a cidade na Itália onde seu bisavô Luiz havia nascido. E qual não foi a surpresa de seu pai quando, informando a origem natal de Luiz del Nero, Matias lhe declarou:

- Toco aqui esta noite!

Foi assim, como que desenhando a epopéia de um homem, descrevendo um círculo, a música o levou de volta à sua terra natal, pelas mãos de um bisneto.

Atendendo o desejo de Loyde del Nero Daiuto, este trabalho biográfico está aqui registrado.

“Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos e as suas obras os sigam”.

Apocalipse, 14:13.”

SEU VELÓRIO FOI REALIZADO, A PEDIDO DELE, NO CREMATÓRIO DE GUARULHOS, CENOGRAFICAMENTE CRIADO POR CYRO DEL NERO.

ENDEREÇO: CEMITÉRIO PRIMAVERAS, AV. OTÁVIO BRAGA DE MESQUITA, N° 3601 – JD. TABOÃO EM GUARULHOS.

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