terça-feira, 3 de agosto de 2010

Outras Áfricas, projeto do Olodum, Teatro Vila Velha (Salvador, BA)


Bando de Teatro Olodum lança dia 09 de agosto projeto “Outras Áfricas” para estudantes


Alunos de seis escolas públicas de Salvador assistirão ao espetáculo infanto-juvenil “Áfricas” dias 10, 17 e 19 de agosto e debaterão com especialistas sobre o continente

Em parceria com o Fundo Nacional de Cultura, projeto prevê oficinas e mostra final no Teatro Vila Velha

Espetáculo Áfricas do Bando. Fotos: João Meirelles

Apesar de presente na religião, culinária, música, dança e outras manifestações culturais, em especial na Bahia, o continente africano, sua história e cultura, ainda é pouco conhecido pela população brasileira. No senso comum, a África é vista apenas como um conglomerado de países cobertos por vastas áreas abrigando animais selvagens, populações que sofrem com a miséria, economias falidas e governos corruptos. Com o objetivo de valorizar a herança africana e reconhecer a importância da cultura afro-brasileira na formação da identidade nacional, o Bando de Teatro Olodum, em parceria com o Fundo Nacional de Cultura, lança na segunda-feira, 09 de agosto, no Teatro Vila Velha, o projeto Outras Áfricas.

De acordo com a coordenadora do Bando, Chica Carelli, o projeto pretende estimular a curiosidade dos jovens para a aprendizagem da história da África, principalmente após a obrigatoriedade da matéria nos currículos escolares dos ensinos fundamental e médio, a partir da lei federal 10.639, de 2003. Em sua primeira fase, o projeto levará estudantes de seis escolas públicas de Salvador ao Teatro Vila Velha, nos dias 10, 17 e 19 de agosto, em dois turnos, às 10 horas e às 15 horas, para assistir ao espetáculo Áfricas, primeira montagem infanto-juvenil do grupo, que fala sobre contos e lendas do continente.

Após cada apresentação, será proposto um debate com um especialista, que vai responder às perguntas e dúvidas dos professores e estudantes sobre o continente. Participam do projeto os colégios da Polícia Militar, Ilê Aiyê, Luiz Tarquínio, Costa e Silva, Edson Tenório de Albuquerque e Ocridalina Madureira. “Numa época em que a sociedade começa a voltar seus olhos sobre sua ancestralidade também negra, o espetáculo tenta, de maneira lúdica, suprir a escassez de referenciais africanos no imaginário tanto de crianças como de adultos, povoado tradicionalmente de fábulas e personagens com características européias”, explica Chica.

Mostras

Em um segundo momento, o elenco do Bando de Teatro Olodum vai se dividir em seis grupos e desenvolver oficinas de dança, teatro, música e identidade e valorização da memória em cada escola, utilizando as linguagens que o Bando trabalha, fundamentadas na cultura de matriz negra e desenvolvidas em duas décadas de atividades constantes. Cada instituição desenvolverá um trabalho e, no final, todos os grupos serão reunidos e farão uma mostra resultado das oficinas no Teatro Vila Velha.

Não serão apenas as escolas Salvador que participarão do projeto. De acordo com a coordenadora do Bando, o “Outras Áfricas” viajará para duas cidades do interior da Bahia, onde o mesmo processo será realizado. “Ao final, o Bando fará uma versão do espetáculo Áfricas para DVD, como forma de servir de material para os professores das escolas públicas do interior do Estado utilizarem em sala de aula”, diz Chica Carelli.

Seminário

Ainda como parte do projeto Outras Áfricas, o Bando de Teatro Olodum promoverá dois seminários, nos dias 18 e 25 de agosto, das 09h às 12h, no Teatro Vila Velha, com entrada aberta ao público. No dia 18, será realizado o primeiro, com o tema História da África e o seu ensino nas escolas, com participação da pesquisadora Artemisa Odila Cande Monteiro, natural de Guiné Bissau e mestre em Estudos Étnicos e Africanos pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, e do professor Antônio Cosme, mestrando em História na UNEB, com larga experiência em formação de professores e estudos sobre África em sala de aula.

Já no dia 25, será a vez do seminário Panorama da África Contemporânea, com o professor natural do Congo, Jacques Depelchin, doutor em História da África, e do também professor Márcio Paim, bacharel em História pela Universidade Católica do Salvador e mestrando em Estudos Étnicos e Africanos do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia.

Áfricas

Primeiro espetáculo infanto-juvenil do Bando, Áfricas, dirigido por Chica Carelli, apresenta a riqueza cultural africana, da qual o Brasil é um dos principais herdeiros, por meio de sua história, seu povo, seus mitos e religiosidade. Neste espetáculo, as crianças e adolescentes encontram vários motivos para se orgulharem da herança africana. Descobrem que seus antepassados não foram apenas escravos e, sim, homens e mulheres nobres, guerreiros e detentores de uma vasta sabedoria ancestral.

Com delicadeza singular, a peça mostra não uma África com as imagens estereotipadas de animais selvagens, doenças e fome, e, sim, um continente complexo, formado por mais de 50 países e centenas de línguas e povos com histórias e culturas diferenciadas, além de um rico modo de se relacionar com o sagrado. Entre os contos selecionados pela diretora e elenco, está o mito da Criação, que narra a aventura de Oxalá, enviado por Olorum para criar o homem.

Um dos destaques do espetáculo, encenado pela primeira vez em 2007, é a união do canto e da dança, marca presente nas encenações do Bando. Por isso, a montagem é repleta de músicas compostas pelo diretor musical Jarbas Bittencourt e de danças coreografadas por Zebrinha. O cenário de Hélio Eichbauer e o figurino de Zuarte Junior completam a atmosfera mágica de Áfricas.

Bando de Teatro Olodum

Prestes a completar 20 anos de atividades, o Bando de Teatro Olodum tem seu elenco formado exclusivamente por negros, encenando espetáculos cujo tema principal é o negro na realidade brasileira. Sob a coordenação de Márcio Meirelles, Chica Carelli, Zebrinha e Jarbas Bittencourt, o grupo se mantém como um dos poucos corpos estáveis da Bahia a desenvolver uma linguagem própria e contemporânea, mesmo enfrentando resistência da sociedade ao longo de sua trajetória.

Com mais de 30 espetáculos produzidos, o grupo, nascido no Pelourinho, tem atuações no cinema e na TV e ganhou expressão nacional, revelando ao Brasil atores como Lázaro Ramos e a cantora Virgínia Rodrigues. Vencedor do Prêmio Braskem de melhor espetáculo, com Sonho de uma noite de verão (2006), também se destacam as montagens Ó paí, ó!, que se tornou filme de longa-metragem e série televisiva, e Cabaré da RRRRRaça (1997) - o maior sucesso do grupo nos palcos.

Com patrocínio da Petrobras, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o grupo está em fase final de montagem de seu mais novo espetáculo, Bença. A nova montagem que deve estrear em novembro, em comemoração aos 20 anos de trajetória do Bando, é resultado de um ano de pesquisas realizadas por meio de entrevistas, seminários, oficinas e visitas a comunidades em Salvador, Ilhéus, Feira de Santana e também do Rio de Janeiro.

Informações à imprensa:

Daniel Menezes – Assessor de Imprensa

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