terça-feira, 30 de março de 2010

FRINGE, do Festival de Curitiba, sob a mira da crítica

Olá Povo,


Acabo de retornar do FRIGNE, onde minha Cia. de Teatro fez sua participação na mostra. É nossa primeira participação neste festival, e não fiquei nem um pouco satisfeito. Gostaria de compartilhar algumas discussões sobre este evento, e ouvir a opinião de vcs, se já estiveram em outras edições ou se estão participando desta, e o que acham.

Grande abraço!

Porque o Teatro no Brasil não vai pra frente...

Nada novo sob o sol. A mesma divagação aqui sobre as artes cênicas podem ser levadas para a esfera da educação ou da saúde, ou de qualquer outra esfera essencial para a existência humana (pelo menos uma existência com qualidade e dignidade).

A falta de profissionalismo e interesse faz com que o teatro no Brasil fique sucateado, dependente de recursos que são conseguidos de maneira tão sofrida e humilhante quanto uma esmola. Resta ao povo do teatro - para buscar a pratica digna de seu oficio - festivais e encontros, onde possa contar com pessoas dedicadas e interessadas, fazendo desses momentos verdadeiros saltos no desenvolvimento organizacional do teatro.



É o caso do FRINGE, a mostra paralela do Festival Nacional de Teatro de Curitiba. Ou seria o caso. Um evento com tanto prestigio, tanta visibilidade, investimento, mas com uma organização pior que aniversario de 1 ano do seu cachorro.

É um evento profissional, portanto, esperam-se comportamentos profissionais. Contudo, produtores e organizadores que não entendem de teatro não podem produzir um evento desse porte. Chega a ser um desrespeito com a classe artística.

Produtores que não sabem diferenciar um teatro de um auditório, que não entendem a necessidade e a importância da luz em um espetáculo. Problemas que deveriam ser evitados, e não resolvidos (como o toner de tinta que acaba e não se pode mais imprimir ingressos...), paralisam o andamento da produção, prejudicando as Cias que pagaram para estar na mostra, pagaram as despesas de deslocamento, hospedagem, divulgação.

E por falar em divulgação, espaços que não existem, ou com nomes trocados no catalogo oficial da mostra, peças que são canceladas sem avisar o publico, apresentações em locais tão escondidos e distantes, que nem os próprios jornalistas conseguem encontrar. Ao conversar com uma fotografa contratada pelo festival, ficamos sabendo que ela não conseguiu assistir a uma peca em cartaz no Auditório da PUC PR (sim, auditório, não teatro...) pois não encontrou o local, e ninguém na própria instituição sabia informar.

Quando questionados sobre os erros e problemas de organização, ou condições que mudam depois do jogo começar, o produtores repassam a culpa sempre para terceiros: ou não é de sua competência, ou não sabe do que esta acontecendo, ou a vida é assim mesmo, respondem eles. Uma atitude covarde, de incompetentes incapazes de assumir o próprio erro, sem o mínimo de honestidade para cumprir o que foi acordado em contrato com as Cias participantes.

Um evento que perdeu os limites da grandeza, fugiu ao controle, tentou abraçar o mundo e foi engolido pelo nada. Um grande nada. Nada de visibilidade, nada de publico, nada de encontro, nada mostrado, nada visto, nada debatido, nada evoluído.

Um evento que se diz “cultural” não conseguiu cultivar a cultura do teatro, oferecer oportunidade para que as pessoas criem o habito de freqüentar espaços teatrais, de apreciar as artes cênicas.

O fracasso subiu a cabeça.

David Carolla

davidcarolla@hotmail.com

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