Teatro Paiol, Rua Amaral Gurgel (Centro)
AE - Agencia Estado
Novos estacionamentos devem ser inaugurados em breve nos seguintes endereços: Rua Amaral Gurgel, 184, na região central; e esquina da Avenida Rui Barbosa com a Conselheiro Carrão, no bairro do Bexiga. Ao menos, essa é a expectativa do corretor de imóveis José Roberto Sanches Nieto, responsável pela venda de dois tradicionais teatros da cidade, o Paiol e o Zaccaro. "Já recebemos propostas para compra desses imóveis. Nenhum dos interessados sequer cogitou manter a ocupação original dos espaços."
O teatro Paiol está sendo vendido por R$ 850 mil; o Zaccaro não sai por menos de R$ 5 milhões - propostas para locação também serão estudadas. Segundo Nieto, os dois espaços ainda não foram vendidos porque seus proprietários estão dispostos a esperar um ano - tempo estipulado para encontrar um comprador "do meio artístico". Apesar da afirmação do corretor, nenhum dos proprietários quis se manifestar sobre essa suposta ''preferência''.
"Não tem jeito, quem chegar com dinheiro leva. Se ninguém se mexer, vamos perder esses teatros", avisa o ator, diretor e espécie de Quixote das causas teatrais Amilton Ferreira. Por conta própria, ele tem tentado sensibilizar artistas e empresários. "Pouca gente sabe da importância desses espaços. Estou espalhando e-mails, falando com pessoas e divulgando o que está prestes a acontecer. Quase ninguém me ouve."
Ferreira mostra os números da Cooperativa Paulista de Teatro para evidenciar a importância de não perder os dois teatros. Segundo a instituição, existem cerca de 120 salas de espetáculos na cidade. Número insuficiente para abrigar os mais de 1.080 grupos teatrais cooperativados. "Tem gente que precisa esperar mais de uma ano para encontrar uma sala vaga."
A atriz Nicette Bruno, que já esteve em cartaz no Paiol e era frequentadora do Zaccaro, resume o sentimento da classe artística: "O triste é esse descaso com aquilo que uma cidade pode ter de mais valioso, seus teatros, cinemas e espaços culturais. É a cultura que faz um lugar como São Paulo ter identidade. O Paiol e o Zaccaro vão fazer muita falta".
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