Marco Nanini aproxima público de tragicomédia familiar
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando atuou em "Os Solitários" (2002), espetáculo que reunia duas peças do americano Nicky Silver, Marco Nanini encerrou temporada com uma sensação: "Pterodátilos", que fazia par com "Homens Gordos de Saia", poderia um dia ser reencenada em um teatro que não fosse tão grande quanto o Alfa.
Essa é a explicação principal da revisitação que o ator --em sua terceira parceria com o diretor Felipe Hirsch-- faz ao texto, uma tragicomédia familiar. "Pterodátilos" volta hoje ao cartaz, reformulada para o teatro Faap, que tem 506 lugares.
"No Alfa, o espetáculo tinha uma impostação mais épica, mais operística", diz Nanini. "Ficamos com 'Pterodátilos' na cabeça, achando que o espetáculo poderia ser encenado mais próximo do espectador", conclui.
O novo olhar aproxima a plateia de um núcleo familiar em processo de desmantelamento, o que não significa que a encenação agora se incline ao realismo.
Nanini interpreta dois papéis: o de uma menina problemática de 15 anos, rejeitada pela mãe, e o o pai dela, "um sujeito que vive seus problemas passivamente, como se estivesse na prisão".
Completam o núcleo familiar a própria mãe --que na temporada de 2002 foi interpretada por Marieta Severo e agora é vivida por Mariana Lima--, o outro filho do casal (Álamo Faço) e o namorado da filha (Felipe Abib).
NOVO FOCO
Os diálogos explicitam conflitos interpessoais ora conduzidos por questões mais cotidianas, como a rejeição, ora articulados em um campo trágico.
Incesto, dominação, estupro, abuso e doenças --um dos personagens é portador do vírus HIV--, em alguns pontos, acabam se tornando temas centrais.
É um texto típico de uma primeira fase de Silver, que disse, em entrevista ao "New York Times", considerá-la mais "nervosa".
"Eu estou muito diferente da pessoa que eu era quando escrevi essas peças. Eu tinha raiva de muitas coisas. Se você olhar para 'Pterodátilos', essa é uma peça que tem muita, muita raiva", afirmou o autor.
Nanini explica que a nova leitura partilhada com Hirsch sublinha um desequilíbrio provocado pelo consumo. "Na primeira encenação, sinto que o foco da peça estava no problema da Aids, por exemplo", diz.
"Agora, o foco muda, a coisa do consumismo está mais forte, o que nos aproxima de uma realidade que está tomando conta do Brasil."
PTERODÁTILOS
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h, e dom., às 18h
ONDE Teatro Faap (r. Alagoas, 903, tel. 0/xx/11/3662-7233)
QUANTO R$ 30 a R$ 80
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
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