Memorial da América Latina
Um painel da produção latina
Em sua quarta edição, Festival Ibero-Americano de Teatro reúne 15 produções vindas de nove países
Maria Eugênia de Menezes - O Estado de S.Paulo
A partir de hoje, mais de 150 artistas, de nove países, tomam o Memorial da América Latina. Em sua quarta edição, o Festival Ibero Americano de Teatro reúne 15 espetáculos, nacionais e estrangeiros, que fazem apresentações gratuitas até o dia 20. A tônica que norteia a seleção continua a mesma dos anos anteriores, ressalta o curador Fernando Calvozo. Oferecer um painel da diversidade da produção nos países, sem se preocupar em encontrar representantes de uma linha ou linguagem específica. "Não é preciso ter um conceito por trás. Buscamos trazer o que de mais significativo está sendo feito nesses lugares", diz Calvozo, que neste ano viajou a alguns países para escolher as montagens que compõem a programação e também contou com as colaborações e sugestões de representações estrangeiras, como o Instituto Cervantes, da Espanha, e o Instituto Camões, de Portugal.
Outro foco da curadoria, ressalta Calvozo, é a recepção do público. Pautada por essa ideia, não há espetáculos inéditos na grade. Apenas peças que já foram testadas em seus países de origem e que, de preferência, já tenham excursionado por outras cidades da América Latina. "Não buscamos nada muito experimental. Nossa intenção é trazer sempre espetáculos de linguagem acessível ao público", complementa o curador. Para ele, a aposta no gosto da plateia tem dado certo, conforme aponta o crescimento do número de frequentadores. Um incremento da ordem de 40% entre a primeira edição, em 2008, e a última, em 2010.
Na ala internacional, os destaques ficam por conta de dois monólogos. José Gaspar (La Soledad del Poder) é uma montagem paraguaia. Seu grande trunfo, atesta a curadoria, é a interpretação de Jorge Ramos, um dos maiores nomes da cena de Assunção. No palco, ele recupera a trajetória do ditador José Gaspar Rodríguez de Francia, um dos libertadores do país. Outro espetáculo solo que merece atenção é o espanhol Yo Mono Libre. O trabalho da companhia Teatro Del Temple baseia-se no conto de Kafka, Um Relatório para a Academia, e conta a história de um símio que aprendeu a se comportar tal qual um humano.
Além de voltar-se à produção de países como Uruguai, Argentina e México, o festival também investe em representantes nacionais. Para abrir a mostra foi escalado Lamartine Babo. Escrito por Antunes Filho e dirigido por Emerson Danesi, o musical reverencia o legado do compositor carioca. Ao lado de Calvozo, outros observadores da cena paulistana também contribuíram com a curadoria. O ator Umberto Magnani, a crítica Maria Lucia Candeias e a atriz e diretora Elvira Gentil elegeram peças que se destacaram na temporada de 2010, caso do delicado As Folhas do Cedro, do dramaturgo e diretor Samir Yazbek.
PROGRAME-SE:
Lamartine Babo
O musical, escrito por Antunes Filho, trata do legado do compositor (Hoje, às 21 h).
Sin Fin (Collage em B/N)
A peça colombiana tem direção de Paula Sinisterra. (Terça, às 19 h).
As Folhas do Cedro
O espetáculo de Samir Yazbek, com a cia. Arnesto nos Convidou, é vencedor do APCA de melhor texto (Terça, às 21 h).
José Gaspar (La Soledad del Poder)
Montagem do Paraguai, com o ator Jorge Ramos, sobre a trajetória do ditador José Gaspar (Quinta, às 21 h).
Yo Mono Libre
O trabalho, vindo da Espanha, baseia-se no conto de Franz Kafka (Domingo, às 21h15).
Nenhum comentário:
Postar um comentário