segunda-feira, 18 de abril de 2011

Besame Mucho, de Mário Prata, retorna ao Teatro Leblon (Rio de Janeiro)

Mário Prata

De volta aos anos dourados

Texto de Mário Prata, com direção de Bomtempo, atravessa duas décadas

BESAME MUCHO

Encenado pela última vez há quase 25 anos, o espetáculo “Besame Mucho”, de Mário Prata, retorna à cena a partir do dia 15 de março, no Teatro Leblon – Sala Marília Pêra, após uma temporada de sucesso no Espaço Sesc Copacabana. A produção marca o desfecho do ciclo de comemorações dos 25 anos de carreira de Roberto Bomtempo, responsável pela direção, após a indicação ao Prêmio Shell 2010 de Melhor Ator pela montagem “Tomo suas mãos nas minhas”.

A comédia romântica, escrita em 1982, contextualiza o comportamento social de quatro amigos - Xico, Olga, Tuca e Dina - de uma cidade do interior paulista, num período marcado não só pela revolução de 64, pelo AI-5 e pelas lutas políticas de 1968, mas principalmente pelas relações humanas vivenciadas em meio à repressão sexual, os bailes de debutantes, colégio de freiras, machismo e feminismo, namoros nas noites interioranas de domingo e tudo o que foi importante na história desses amigos. Através de projeções de vídeo, retratamos esses 20 anos (1982 a 1962) que o texto percorre, numa importante época para o país e o mundo, tanto política quanto culturalmente.

Reviver o texto, após quase 25 anos desde sua última montagem profissional, retrata através do irresistível e arrebatador senso de humor de Mário Prata, um pouco do caráter que nos forma hoje, após os anos de repressão política, social, religiosa e sexual, vividas depois dos Anos Dourados. Lançar diversos olhares sobre nossa trajetória, ao longo de um passado recente, é atitude necessária e fundamental para entendermos o que somos.

A dramaturgia sempre teve um caráter formador da maturidade de uma sociedade e da consciência cidadã de seu povo. No Brasil dos anos 60 a 80, época da censura federal e da ditadura militar, Mário Prata, entre outros tantos, representou a voz de uma crítica, sutil e inteligente, contra a repressão comportamental e ideológica imposta por uma sociedade hipócrita.

BESAME MUCHO revive, para a realidade atual brasileira, a consciência das dificuldades sofridas por uma geração que cresceu sob a síndrome da culpa, gerada não apenas pela repressão política/social, mas também por tantas outras, que criaram conflitos entre a igreja, o sexo e o amor, pecados que podem ter sobrevivido em nosso inconsciente coletivo até hoje.

A proposta do espetáculo não é apenas retratar os destinos deste ou daquele personagem, mas, principalmente, trazer reflexões sobre uma época e suas conseqüências no momento em que vivemos agora.

SINOPSE

A peça conta a história de quatro amigos - Xico, Olga, Tuca e Dina. Começa em 1982, e termina em um baile de formatura em 1962. A trama é narrada de trás para frente, percorrendo vinte anos de suas vidas Primeiro vem o efeito e, depois, vão se descobrindo as causas. A maneira como a história é contada, proporciona ao espectador não somente relembrar fatos de uma época tão importante, mas também cria uma identificação com aquilo que está sendo dito. Tornando o espetáculo leve e muito divertido.

Xico (Leandro Baumgratz) veio do interior para São Paulo e se torna escritor de sucesso. Casa com Olga (Janaina Moura), que também veio do interior, exilou-se em Paris em 1968 e criou reputação como socióloga. Tuca (Rafael Sardão) permanece no interior e casa com Dina (Ana Paula Sant´Anna). O primeiro casal vive um drama de criatividade. Ele é o escritor, mas ela, socióloga, é quem escreve para ele. Tuca permaneceu no interior como homem de negócios realizado e se casou com Dina, que escolheu ser esposa e mãe. Dina, em virtude da repressão sexual exercida pelas freiras e uma forte síndrome de culpa, não consegue se sentir plena no casamento, atrapalhando a relação do casal que chega até a pensar em separação. Em um determinado momento, Dina fantasiando, se veste de Marilyn Monroe, e, daí para frente, o casal passa a fantasiar cada vez mais, transformando esse “jogo” numa verdadeira obsessão.

Esse retorno mágico e realista no tempo descreve a amizade entre dois homens — nascidos na mesma cidade do interior — que viveram a alegria dos anos 60, o desencanto dos anos 70 e a queda na real dos anos 80.

Mário Prata define o texto como: “Uma história de amor entre quatro pessoas, sem as quatro paredes. O jogo é aberto”.

EQUIPE DE CRIAÇÃO

Texto: Mário Prata

Direção: Roberto Bomtempo

Assistente de Direção: Elder Gatelly

Elenco: Ana Paula Sant´Anna, Janaina Moura, Leandro Baumgratz e Rafael Sardão

Preparação Corporal: Fernanda Guimarães

Iluminação: Renato Machado

Figurinos e Visagismo: Joana Seibel

Desenho Cenográfico e Trilha Sonora: Roberto Bomtempo

Direção de Arte: Alexandre Lino

Programação Visual: Luiz Avellar

Edição de vídeos: Édipo Ferraz

Operação de som: Elder Gatelly

Contra-regra: Gabriel Helleno

Direção de Produção e Assessoria de Imprensa: Ana Paula Sant´Anna

Produção Executiva: Roseane Milani

Administração: Leandro Baumgratz

Idealização: Ana Paula Sant´Anna, Fernanda Guimarães e Leandro Baumgratz

Realização: Movimento Carioca Produções Artísticas

Co-Produção: Escambaum Prods Arts e Gam Produções

SOBRE O AUTOR - MÁRIO PRATA

Mário Prata é escritor, jornalista e dramaturgo. Autor de 11 peças teatrais; escreveu 21 livros para o público adulto e 10 infanto-juvenis; para televisão escreveu 21 obras, entre novelas e especiais; 6 roteiros para cinema, além de outras obras de vídeo-ficção e jornalismo. Através desse vasto trabalho, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais.

Escreveu Besame Mucho em 1982, depois de viver em uma época onde todas as peças falavam da vida sob o prisma político. Todo mundo - inclusive Mário - já havia escrito sobre essa

geração. E não foi só de repressão política/social que eles cresceram. Tinha as outras repressões. Era hora de tocar nelas. A Igreja, o Sexo, o Amor. Foi uma geração que cresceu sob a síndrome

da culpa. Durante os anos 70, toda essa geração continuou escrevendo o que mais tarde seria chamado de "teatro de resistência". Todo mundo tinha vergonha de escrever uma boa comédia. Mas veio a abertura no final dos 70 e a pergunta: Sobre o que escrever? Foi mais ou menos a partir dessa pergunta que foi surgindo a peça. O Grupo Mambembe encomendou a Mário um texto, e depois de dois meses ele resolveu escrever uma peça de trás pra frente, e como ele mesmo define: "para chegar às minhas raízes".

Em 1987 escreveu o roteiro do longa metragem “Besame Mucho” com Francisco Ramalho Junior, dirigido pelo mesmo. Este filme representou oficialmente o Brasil em vários festivais internacionais.

“Minha geração em teatro sempre teve a preocupação de mostrar o lado político do Brasil na década de 60. Em “Besame Mucho” eu quis mostrar as outras repressões que sofremos, de origem sexual, econômica e religiosa. A peça só resvala pelo aspecto político. Assim como os textos que falam daquele período tristemente rígido, apenas resvalam nos aspectos sexuais e religiosos".

SOBRE O DIRETOR - ROBERTO BOMTEMPO

Roberto Bomtempo é um ator, diretor e produtor que desde o início de sua carreira transita constantemente entre a televisão, o teatro e o cinema, tendo sido premiado diversas vezes em festivais nacionais e internacionais.

Esse ano está completando 25 anos de carreira. As comemorações iniciaram-se com uma ocupação de três meses no Teatro Leblon com três espetáculos em que atua: “Raul fora da Lei – A história de Raul Seixas”, espetáculo que completou esse ano 10 anos de carreira; “Espia uma mulher que se mata”, que após duas temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, foi indicado ao Prêmio Shell 2009; “Tomo suas mãos nas minhas”, que estreou em 2010 e lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell 2010 como melhor ator.

Bomtempo acabou de rodar seu 2º longa metragem - “Mão na Luva”, texto de Oduvaldo Vianna Filho - como diretor ao lado de José Joffily. Para finalizar as comemorações, Bomtempo retorna aos palcos como diretor com o espetáculo “Besame Mucho”.

SERVIÇO – BESAME MUCHO

Sinopse curta: Uma história de amor e amizade entre quatro amigos do interior de São Paulo, que durante duas décadas (de 1962 a 1982) tiveram suas vidas marcadas por todo contexto social, cultural e comportamental da época, e que buscaram realizar seus sonhos, fantasias e ideais.

Texto: Mário Prata

Direção: Roberto Bomtempo

Elenco: Ana Paula Sant´Anna, Janaina Moura, Leandro Baumgratz e Rafael Sardão

Duração: 90 minutos

Classificação: 16 anos

Gênero: Comédia romântica

Temporada: 15 de março a 20 de abril de 2011 / Terça e Quarta às 21hs

Teatro Leblon – Sala Marília Pêra - Capacidade: 462 lugares

Rua Conde Bernadotte, 26 – Leblon - Tel: 2529-7700 - http://www.teatrodoleblon.com.br/ 

Horário de funcionamento da bilheteria: De terça a domingo das 15hs às 20hs.

Ingressos: R$ 50,00 inteira; R$ 25,00 estudantes, classe artística e maiores de 60 anos.

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