quarta-feira, 26 de maio de 2010

Santa Joana dos Matadouros, de Brecht, no Teatro Denoy (São Paulo, SP)

Brecht

CPC-UMES encena Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht


Estréia no próximo dia 4 de junho, com direção de José Renato, o fundador do Teatro de Arena, e um dos mais importantes Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht. diretores em atividade no Brasil, leva ao palco do Teatro Denoy de Oliveira um espetáculo vibrante, que retrata a grande depressão do início do século 20, mas que em tudo lembra a crise desta primeira década de século 21. A produção é do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (CPC-UMES).

Com um elenco de 15 atores e atrizes, além de três músicos, a peça trata das tensões entre capitalistas e das agruras vividas pelos trabalhadores de Chicago durante o inverno e no auge da crise econômica de 1929. O autor coloca em cena os mecanismos que produzem a crise: superprodução, falta de mercado para escoá-la e os principais empresários tentando compensar queda nos lucros através da especulação e do aumento da exploração, o que, por sua vez, leva a mais quebradeira, mais fome e produz seu oposto: os movimentos operários contra o fechamento das fábricas.

Na trama, Jack Pierpoint (Alexandre Krug), o rei da carne de Chicago, recebe informações de "seus amigos de Nova Iorque", sobre a iminência da crise. Tenta safar-se, jogando o prejuízo nas costas de seu sócio Ambrósio (João Ribeiro). O resultado será o fechamento das fábricas e o desemprego em massa. Tentando salvar a alma dos demitidos, aparece Joana (Érika Coracini), jovem pregadora dos Chapéus Negros. O encontro da inocência útil de Joana e da consciência ao mesmo tempo pesada e esperta de Pierpoint resultará em um agravamento ainda maior da crise.

Em Santa Joana as emoções estão a serviço do entendimento de como a crise pode propiciar diferentes desfechos e de como estes desfechos dependem da ação, das decisões de cada agente social em enfrentamento. É um desafio, um texto complexo em que a pena arguta de Brecht trata destes mecanismos, das multidões que eles colocam em movimento.

Um desafio muito bem ilustrado pelas palavras do diretor José Renato: "Considero, pela minha experiência, esta encenação um espetáculo vivo, criado, em sua maioria, por atores jovens e motivados, e, por isso mesmo, polêmico e sujeito a alterações criativas".

Essa obra, pelas elucidações que é capaz de encaminhar com precisão e profundidade poética e dramática, demonstra plena atualidade - mesmo depois de 80 anos de sua conclusão. Num momento em que uma crise - talvez a mais profunda da história do capitalismo - é caracterizada pela montanha de derivativos sem lastro, engendrados nos EUA, a realidade, já não nos deixa mais acreditar que "a desgraça vem como a chuva" - como a bispa Bárbara empenha-se em dizer aos operários.

Ao colocar diante do espectador a percepção de classes em movimento, Brecht põe em prática sua visão de teatro épico em que como diz o dramaturgo. "só poderemos descrever o mundo atual para o homem atual na medida em que descrevermos um mundo passível de modificação".

O CPC-UMES já levou a cartaz, em 1999, também com direção de José Renato, outra obra de Brecht, Turandot, que teve três indicações ao prêmio Shell daquele ano e venceu o de trilha musical.

Serviço:

A peça estréia no dia 4 de junho e fica em cartaz todos as sextas, sábados (21h) e domingos (19 h ). Ela será apresentada no Teatro Denoy de Oliveira, rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista - Tel: (11) 3289-7475

Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (estudantes, terceira idade, classe artística e professores da rede estadual com carteira da APEOESP)

Ficha Técnica:

Direção: José Renato

Tradução / Adaptação: Valério Bemfica

Direção Musical / Assistência de Direção: Luciano Carvalho

Cenografia: Cris Cortilio

Figurinos: Magê Blanques

Vídeos: Bernardo Torres

Operação Som / Luz / Vídeo: Ana Cristina Bezerra, Luz Lopes, Thiago Prates

Projeto Gráfico: Janaína Torres

Fotos: Marcelo Kahn

Cenotécnico: Cleyton Caetano

Maquinistas: Bruno Oliveira, Leandro Paneque, Luiz Aparecido do Carmo

Produção: CPC-UMES

Apoio de Produção: Forte Casa Teatro

Elenco (em ordem alfabética):

Alessandro Moura - Don Salvatore / Líder Operário

Alexandre Krug - Jack Pierpoint

Bruna Amado - Chapéu Negro / Operária

Daniel Rodríguez - Jovem Operário / Criador / Policial

Érika Coracini - Joana

Felipe Ormeni - Big Joe / Policial

João Ribeiro - Don Ambrosio

Luiza Maia - Chapéu Negro / Gazeteiro / Secretária / Operária

Magê Blanques - Dona Abiggail / Chapéu Negro

Mário Zanca - Don Giuseppe

Natália Grisi - Chapéu Negro / Dona Sarah / Operário

Rafael Marques - Chapéu Negro / Contramestre / Operário

Rebeca Braia - Bispa Bárbara / Chapéu Negro / Operária

Rogério Nagai - Operário / Criador / Policial

Wilson Mandri - Tommaso

Músicos:

André Teles - Músico / Segurança / Operário

Adriana Mioni - Músico / Operário

Luciano Carvalho - Músico / Narrador / Jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário