Brecht
CPC-UMES encena Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht
Estréia no próximo dia 4 de junho, com direção de José Renato, o fundador do Teatro de Arena, e um dos mais importantes Santa Joana dos Matadouros, de Bertolt Brecht. diretores em atividade no Brasil, leva ao palco do Teatro Denoy de Oliveira um espetáculo vibrante, que retrata a grande depressão do início do século 20, mas que em tudo lembra a crise desta primeira década de século 21. A produção é do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (CPC-UMES).
Com um elenco de 15 atores e atrizes, além de três músicos, a peça trata das tensões entre capitalistas e das agruras vividas pelos trabalhadores de Chicago durante o inverno e no auge da crise econômica de 1929. O autor coloca em cena os mecanismos que produzem a crise: superprodução, falta de mercado para escoá-la e os principais empresários tentando compensar queda nos lucros através da especulação e do aumento da exploração, o que, por sua vez, leva a mais quebradeira, mais fome e produz seu oposto: os movimentos operários contra o fechamento das fábricas.
Na trama, Jack Pierpoint (Alexandre Krug), o rei da carne de Chicago, recebe informações de "seus amigos de Nova Iorque", sobre a iminência da crise. Tenta safar-se, jogando o prejuízo nas costas de seu sócio Ambrósio (João Ribeiro). O resultado será o fechamento das fábricas e o desemprego em massa. Tentando salvar a alma dos demitidos, aparece Joana (Érika Coracini), jovem pregadora dos Chapéus Negros. O encontro da inocência útil de Joana e da consciência ao mesmo tempo pesada e esperta de Pierpoint resultará em um agravamento ainda maior da crise.
Em Santa Joana as emoções estão a serviço do entendimento de como a crise pode propiciar diferentes desfechos e de como estes desfechos dependem da ação, das decisões de cada agente social em enfrentamento. É um desafio, um texto complexo em que a pena arguta de Brecht trata destes mecanismos, das multidões que eles colocam em movimento.
Um desafio muito bem ilustrado pelas palavras do diretor José Renato: "Considero, pela minha experiência, esta encenação um espetáculo vivo, criado, em sua maioria, por atores jovens e motivados, e, por isso mesmo, polêmico e sujeito a alterações criativas".
Essa obra, pelas elucidações que é capaz de encaminhar com precisão e profundidade poética e dramática, demonstra plena atualidade - mesmo depois de 80 anos de sua conclusão. Num momento em que uma crise - talvez a mais profunda da história do capitalismo - é caracterizada pela montanha de derivativos sem lastro, engendrados nos EUA, a realidade, já não nos deixa mais acreditar que "a desgraça vem como a chuva" - como a bispa Bárbara empenha-se em dizer aos operários.
Ao colocar diante do espectador a percepção de classes em movimento, Brecht põe em prática sua visão de teatro épico em que como diz o dramaturgo. "só poderemos descrever o mundo atual para o homem atual na medida em que descrevermos um mundo passível de modificação".
O CPC-UMES já levou a cartaz, em 1999, também com direção de José Renato, outra obra de Brecht, Turandot, que teve três indicações ao prêmio Shell daquele ano e venceu o de trilha musical.
Serviço:
A peça estréia no dia 4 de junho e fica em cartaz todos as sextas, sábados (21h) e domingos (19 h ). Ela será apresentada no Teatro Denoy de Oliveira, rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista - Tel: (11) 3289-7475
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (estudantes, terceira idade, classe artística e professores da rede estadual com carteira da APEOESP)
Ficha Técnica:
Direção: José Renato
Tradução / Adaptação: Valério Bemfica
Direção Musical / Assistência de Direção: Luciano Carvalho
Cenografia: Cris Cortilio
Figurinos: Magê Blanques
Vídeos: Bernardo Torres
Operação Som / Luz / Vídeo: Ana Cristina Bezerra, Luz Lopes, Thiago Prates
Projeto Gráfico: Janaína Torres
Fotos: Marcelo Kahn
Cenotécnico: Cleyton Caetano
Maquinistas: Bruno Oliveira, Leandro Paneque, Luiz Aparecido do Carmo
Produção: CPC-UMES
Apoio de Produção: Forte Casa Teatro
Elenco (em ordem alfabética):
Alessandro Moura - Don Salvatore / Líder Operário
Alexandre Krug - Jack Pierpoint
Bruna Amado - Chapéu Negro / Operária
Daniel Rodríguez - Jovem Operário / Criador / Policial
Érika Coracini - Joana
Felipe Ormeni - Big Joe / Policial
João Ribeiro - Don Ambrosio
Luiza Maia - Chapéu Negro / Gazeteiro / Secretária / Operária
Magê Blanques - Dona Abiggail / Chapéu Negro
Mário Zanca - Don Giuseppe
Natália Grisi - Chapéu Negro / Dona Sarah / Operário
Rafael Marques - Chapéu Negro / Contramestre / Operário
Rebeca Braia - Bispa Bárbara / Chapéu Negro / Operária
Rogério Nagai - Operário / Criador / Policial
Wilson Mandri - Tommaso
Músicos:
André Teles - Músico / Segurança / Operário
Adriana Mioni - Músico / Operário
Luciano Carvalho - Músico / Narrador / Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário