segunda-feira, 19 de abril de 2010

Leitura de peça inspirada em livro de Maitena, no Auditório da Folha (SP)

foto: Lenise Pinheiro

Personagens de Maitena ganham versão para o teatro


GUSTAVO FIORATTI da Reportagem Local

As figuras femininas da quadrinista argentina Maitena em geral não possuem nomes. São espelhos imperfeitos de uma mulher universal: neuróticas, fúteis, expansivas. Mas em "Mulheres Alteradas", adaptação brasileira de seu trabalho para o palco, que ganha sua primeira leitura hoje no auditório da Folha, um fortuito retrato do mesmo universo cria três personagens distintas, essas sim batizadas, Lisa, Alice e Norma.

O texto, escrito por Andrea Maltarolli, em uma breve apresentação na primeira página, já dá pista de quem são essas três mulheres: Lisa (Mel Lisboa) é mãe, fútil, inteligente, separada; Alice (Daniele Valente) é rica, solteira, avoada; e a executiva Norma (Chris Couto), pragmática, casada, tem dois filhos. Sobra espaço no elenco para André Bankoff, que atua como vários personagens masculinos, esses sim sem nome, como se por trás alguém bravejasse "bem-feito!". As rubricas serão lidas por Maurício Machado.

Os atores Mel Lisboa, Daniele Valente, Chris Couto e André Bankoff estão no elenco da montagem "Mulheres Alteradas"

A ideia de transformar o trabalho de Maitena em teatro partiu de Eduardo Figueiredo, que dirige a peça. O diretor também palpitou no texto de Maltarolli, que morreu no ano passado.

A parceria entre eles tentou reproduzir a agilidade dos quadrinhos, prezando pela brevidade de suas piadas. O resultado é quase que um retalho de esquetes costuradas por mudanças ágeis de cenário.

A base do trabalho são os próprios quadrinhos que Maitena já levou a mais de 20 países, seguindo o sucesso de suas tiras para o jornal argentino "La Nación". No Brasil, Maitena tem coleções que foram publicadas pelas editoras Planeta e Rocco; também faz semanalmente quadrinhos para o caderno Equilíbrio, da Folha.

Segundo Figueiredo, a quadrinista, de início, resistiu em vender os direitos autorais de sua obra. Estava preocupada com a transposição para o palco de um tipo de trabalho que, por natureza, é curto, ligeiro.

Houve um trabalho de convencimento, e Maitena, por fim, fechou contrato. Depois de o espetáculo pronto, leu o texto final e não pediu nenhuma modificação.

A comicidade do texto dá conta do olhar crítico da cartunista, com mulheres se descabelando por dilemas fúteis diversos. Valeria mais investir em uma academia ou pagar o analista para manter a autoestima lá em cima? Como dizer para a vendedora da loja "tamanho P" quando a realidade pede por "M", quem sabe um "G"? Qual a melhor forma de induzir um pretendente à armadilha de um casamento?

Nem mesmo crianças e adolescentes --os filhos das personagens-- escapam ilesos. A menina que passa horas a fio falando bobagens ao telefone revela o patético feminino já em seus primeiros anos de vida.

MULHERES ALTERADAS

Onde: auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, Campos Elíseos, tel. 3224-3473)

Quando: hoje, às 20h

Quanto: grátis; os interessados em assistir podem se inscrever até as 19h pelo telefone 0/XX/ 11/3224-3473 ou pelo e-mail eventofolha@grupofolha.com.br , informando nome, telefone e RG.

Classificação: 12 anos

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