segunda-feira, 26 de abril de 2010

TRILOGIA DEGENERADA do Pessoal do Faroeste (São Paulo, SP)


O Pessoal do Faroeste Cia de Teatro estreia no sábado, 8 de maio, o espetáculo Trilogia Degenerada na Sede Luz do Faroeste. A peça acontecerá em três atos: Os Crimes de Preto Amaral 1920, Labirinto Reencarnado 1940 e Re-bentos 2000, todos sintetizam um momento histórico da cidade de São Paulo dentro de noso contexto de pesquisa, a Eugenia.


Pessoal do Faroeste apresenta sua Trilogia Degenerada revela a cidade de São Paulo sob o olhar de 8 anos de pesquisa, com estreia em 08 de maio de 2010, às 17horas, na Sede Luz do Faroeste, centro.

Desde sua fundação, há 12 anos, a Cia dedica-se ao mergulho no processo de formação da capital paulista em busca do entendimento da disparidade que sente sobre ela: a atração e repulsa por cada esquina.

Originalmente montadas em anos distintos, as três peças seguem a linearidade de temas como a eugenia (limpeza étnica) e a transformação da sociedade através dos acontecimentos do século XX, todas com enredo próprio e inspiradas em teses acadêmicas: Re-bentos em 2002, Os Crimes de Preto Amaral em 2006 e Labirinto Reencarnado em 2008. Dessa vez, as peças serão reveladas em um mesmo palco com sessões aos sábados e domingos, a partir das 17horas, com intervalos de 30 minutos cada. Quem define o valor do ingresso é o público que poderá assistir as três de uma vez ou escolher uma por dia.

Cada espetáculo se passa em um período histórico diferente e, os 3 juntos, traçam um panorama sobre a eugenia: “A encenação passou a ser uma ferramenta para apresentarmos a investigação sobre a ‘degenerecência’ no país em especial, São Paulo, mas a pesquisa não cessa nessa tríade, nossa idéia é que se perceba a eugenia principalmente na contemporaneidade, a exemplo da nossa sede que está ao lado da antiga Cracolândia edo novo projeto ‘Nova Luz’ ”, sintetiza Paulo Faria, autor e diretor da Cia.

Há 4 anos o Pessoal do Faroeste fundou sua Sede na Alameda Cleveland, no bairro de Campos Elíseos, na mesma calçada do casarão onde hoje funciona o Museu da Energia. O imóvel, que mantém o requinte arquitetônico dos anos 20, já pertenceu à família de Santos Dumont, foi pestalose em 1950 (em Labirinto Reencarnado é uma casa de repouso para alienados), cortiço no ano 2000 (cenário de Re-Bentos) e, dessa forma, se refunde a cronologia precisa de Os Crimes de Preto Amaral (década de 20), Labirinto Reencarnado (década de 40) e Re-bentos (2000).

Contemplado pela Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, o projeto da Trilogia também terá como resultados um livro que será lançado ainda este ano pela Editora Nacional-IBEP e um documentário que poderá ser baixado também pela internet. Ambos têm como objetivo usar outras ferramentas que não a linguagem teatral para revelar as pesquisas, os estudos e o olhar sobre o processo de formação da capital paulista. Dessa vez o grupo também usará a internet como ferramenta de interação e divulgação utilizando-se de vídeo-pílulas construídas a partir de cenas gravadas em locações externas editadas com depoimentos reais sobre a história do bairro e da cidade, que estarão disponíveis no videoblog da Trilogia a partir de Maio. Com isso a Cia pretende abrir espaço para a discussão via internet além de chamar a atenção do público jovem para o teatro.

Trilogia Degenerada :: o que há de comum entre as peças:

Com inspiração no melodrama e no teatro Épico a cena se constrói amparadas na dramaturgia física dos atores por meio de elementos cênicos como cajones peruanos e as próprias vozes dos atores.

A primeira parte da Trilogia... que compete, Os Crimes de Preto Amaral e Labirinto Reencarnado, ocorre sob o Palco Italiano com cortinas transparentes e coxias sombreadas. A desconstrução da dita “caixa preta” conduz o público a última parte da Montagem, o camarim é o espaço escolhido para a trama de Re-bentos. A impressão para a platéia é de que a arquibancada invade o palco, enquanto os enredos acontecem. Os figurinos são em tons nude, com pedaços de tecidos e peças recicladas do acervo da Cia. Cenário e luz serão operados pelos próprios atores e o fio condutor para nortear a temporalidade das peças, são os meios de comunicação: o jornal impresso, rádio e televisão.

Os Crimes de Preto Amaral (1927) - das 17h às 18h

Inspirado no mito grego de Orfeu e Eurídice, o ponto de partida para a montagem de Os Crimes do Preto Amaral foi a tese apresentada por Paulo Fernando de Souza Campos em seu doutoramento na Universidade Estadual Paulista – UNESP. O estudo analisou crimes ocorridos na passagem de 1926 para 1927, atribuídos a José Augusto do Amaral (que morreu sem ser julgado) e conclui que o fato de o acusado ser negro contribuiu para sua condenação. Na época, muitos acreditavam que os negros e os pobres eram violentos e tinham herdado essa característica de seus antepassados. Mentalidade desenvolvida a partir do darwinismo social que culminou no nazismo. Curiosidade é que o caso envolvendo os crimes de Preto Amaral está no Museu do Crime, da USP. Os únicos personagens históricos reais do espetáculo são Preto Amaral e as mães das vítimas de seus crimes. O restante é inspirado em personagens que fazem parte do mito de Orfeu e personalidades da história de São Paulo. Os crimes supostamente cometidos, na vida real, por Preto Amaral são recriados a partir da novela de suspense escrita pelo personagem Himeneu – jornalista filho único e herdeiro de um grande jornal. Notícias sobre os crimes também servem como base para a peça.

Labirinto Reencarnado (1944) – das 18h30 às 19h30

Inspirado no mito de Ícaro e Dédalo, Labirinto conta a história de um jovem membro da aeronáutica brasileira, filho de um cristão novo (convertido judeu a cristão) e de uma católica. Dédalo é engenheiro eugenista que constrói presídios, manicômios e hospitais e termina por atravessar um grande conflito religioso, pois a Segunda Guerra (resultado da eugenia hitlerista) extermina seu antigo povo judeu na Europa. Ícaro passa a ser integrante da juventude hitlerista e vai para guerra lutar pelo nazismo. Nesse contexto, surge a personagem Ananda, enfermeira e amiga de infância de Ícaro, resultante da pesquisa de branqueamento da elite eugenista, na peça a enfermagem brasileira é tratada com forte simbologia social. A época ficou conhecida como o Marco da Emancipação Profissional da Mulher Moderna com o advento das enfermeiras no front de guerra e tinha o rádio como o formato imediato de comunicação no mundo.

Re-bentos (2000) – das 20h às 21h

Inspirada no mito grego de Eros e Psiquê, a peça se desenvolve no decorrer de um dia decisivo na vida de um cortiço que, durante a trama, revela-se um dos principais centros de distribuição de drogas do país. A conhecida região de Boca do Lixo - a “cracolândia” – movimenta uma operação de tráfico que envolve setores importantes da política e do poder judiciário brasileiros. Re-bentos é inspirado no livro Rebentos do poeta parnasiano e mecenas da arte modernista do Brasil, Senador Freitas Valle, representante da casta elite que habitou os palacetes deste período e que, em nosso enredo, foram invadidos pelos pobres desabrigados do início do século XX. A peça traz à tona a reflexão sobre ocupações dos espaços urbanos.

Sobre a Cia Pessoal do Faroeste:

Fundada em janeiro de 1998, a Cia tem tido como fonte de pesquisa a vida social e política do povo brasileiro por meio de seu imaginário popular e de sua cultura. A companhia tem como principais montagens Um Certo Faroeste Caboclo (1998), que recebeu o prêmio Teatro Jovem Coca-Cola/Pananco de Melhor Direção (Paulo Faria) e Melhor Coreografia (Luís Miranda), Rei dos Ventos (1999), A Mulher Macaco (2000), que recebeu o Prêmio Nacional Plínio Marcos de Dramaturgia/2000, O Índio (2003), entre outras.

Em 2002, iniciou o projeto Trilogia Degenerada: A História de São Paulo através de um casarão em Campos Elíseos com Re-bentos. Em 2006 trouxe aos palcos Os Crimes de Preto Amaral e em 2008 Labirinto Reencarnado, todos os três trabalhos concedidos pela Lei de Fomento ao Teatro a Cidade de São Paulo - o que viabilizou a criação da Sede Luz do Faroeste em Campos Elíseos.

Em 2009 o Faroeste montou Ibejis, infantil concedido pela ProAC e viajou a 14 cidades de maio a julho de 2009 e, ainda neste ano, estreou Meio Dia do Fim - em cartaz até abril de 2010 - indicado ao Prêmio Shell de Melhor Autor (Paulo Faria).

Ficha Técnica Trilogia Degenerada:

Direção Geral: Paulo Faria

Co-direção: Iarlei Rangel

Dramaturgia: Paulo Faria

Elenco: Eduardo Gomes, Iratã Rocha, Mariza Junqueira, Neusa Velasco, Paulo Faria, Rogério Brito, Thaís Aguiar

Cenografia: Paulo Faria

Iluminação: Iarlei Rangel e Paulo Faria

Assitente de iluminação: Murilo Borges

Técnico de luz: Tomate Saraiva

Figurino: Lívia Loureiro

Coordenação de Produção: Sabrina Flechtman

Produção administrativa: Teca d’Alessio

Produção executiva: Gustavo Sol (1ª. fase) e Valmir Gustavo (2ª. fase)

Produção de Comunicação: Vanessa Hassegawa

Assistente de Produção e contra regra: Robson Teuri

Arte Gráfica: Daniel Lopes

Audiovisual / videoblog: Dário José

Fotos do espetáculo: Lenise Pinheiro

Preparação Vocal e Direção Musical: Denise Venturini

Preparação Percussiva: Jorge Peña

Preparação Corporal: Érika Moura

Serviço:

Trilogia Degenerada - estreia 8 de maio de 2010

Temporada:

sábados e domingos a partir das 17h (até 25/07/10)

Horários:

Os Crimes de Preto Amaral – 17h

Labirinto Reencarnado - 18h30

Re-bentos - 20h

* Haverá intervalo de 30 minutos entre as peças.

Ingressos: Contribuição Voluntária “pague quanto puder”

Endereço: Sede Luz do Faroeste – Al. Cleveland, 677 - Campos Elíseos (Acesso a deficientes físicos)

Informações: (11) 3362 8883 (http://www.pessoaldofaroeste.com.br/ )

Contato de Imprensa:

Vanessa Hassegawa

Jornalista DRT/PA 1761

imprensa@pessoaldofaroeste.com.br

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